quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Natal nas Quintas das Quebradas

Natal nas Quintas das Quebradas

Nasci numa pequenina aldeia
De Trás-os- Montes
Longe de modernos horizontes
Onde não havia água canalizada
Dentro das casas
Nem electricidade nas ruas
Não havia carros nem estrada
Iluminavamo-nos à luz da candeia
Meus pais eram pobres
Á noite em volta da lareira
Eu e os meus irmãos comíamos a ceia
Todos do mesmo prato
Ás vezes para dois só havia um garfo
Era eu pequeno quando chegava o mês Dezembro
Logo se falava no Natal
Eu e os meus irmãos
Já sabíamos o que íamos ter no sapatinho
Pois o Natal para nós era pobrezinho
Pai Natal nunca tinhamos ouvido falar
Para nós no Natal era o Menino Jesus
Que nos punha uma laranja e dois rebuçados
No sapatinho.
Eram essas as nossas prendas
De Natal quando eu era pequenino
Davamos pulos de alegria
Muito triste fiquei quando anos mais tarde
Com os meus irmãos espreitei
Descobri que era a minha Mãe que o fazia
Pondo fim á minha fantasia.

Eliziário Camelo

terça-feira, 3 de novembro de 2009

"Foi o Lobo"


Ataque mata 25 ovelhas nas Quintas das Quebradas


Vinte e cinco ovelhas já morreram feridas por ataques de lobo nas Quintas das Quebradas, em Mogadouro.
A pastora responsável pelo rebanho não duvida que tenham sido ataques de lobos, pois não há cães vadios por aquelas paragens e receia que mais ovelhas venham a morrer.

"Atacaram e foi em força", é desta forma que Glória Barroco, uma pastora das Quintas das Quebradas, Mogadouro, descreve a investida violenta sobre o seu rebanho.
Até ao momento já morreram 25 ovelhas e a contenda pode não ficar por aqui.
"Tenho andado a gastar dinheiro em injecções para tratar das outras que estão feridas", diz a pastora, temendo que mais ovinos venham a morrer.
Outra das preocupações é o que o estábulo fica a cerca de 500 metros do perímetro da aldeia. Mas Glória Barroco não tem dúvidas quanto ao autor do ataque. "Foi o lobo", remata, acrescentando que por ali "não há cães vadios".
Quanto ao prejuízo, "é muito grande porque estavam todas prenhas", lamenta a pastora. "Uma estava a acabar de morrer e ainda teve o borreguito", conta.
Apesar do ataque ter já sido na passada segunda-feira, a pastora teme que mais animais venham a morrer.
Notícia RBA 23-10-2009

domingo, 20 de setembro de 2009

O TOMBARINHO

Olá amigos das Quintas!

Faz um ano que "O TOMBARINHO" foi criado para divulgar e dar a conhecer as Quintas das Quebradas, ainda vai pequeno, mas a minha disponibilidade é muito pouca apesar da grande vontade em fazê-lo crescer e dar a conhecer. Por isso apelo a todos, principalmente aos jovens, que procurem junto dos pais, avós, familiares e amigos tudo aquilo que possa ser interessante para "O TOMBARINHO", fotos, historias e factos passados(são tantas as que conhecemos ou ouvimos contar, algumas até anedota), partilhar o saber dos nossos pais e avós e principalmente o que vai acontecendo ao longo do ano e possa contribuir para o nosso enriquecimento cultural.

Agradeço desde já o vosso interesse e colaboração para dar mais cor Ó TOMBARINHO.

domingo, 26 de abril de 2009

Ponte da Ribeira

Ponte de tabuleiro horizontal, sobre um único arco redondo de granito. As aduelas e os encontros junto ao arco são de granito. As restantes partes, em alvenaria de xisto, pavimento de calçada e guardas em silhares de granito. Ponte medieval ou setecentista. Segundo os registos encontrados, os Távoras senhores de Mogadouro no séc:XVIII mandaram construir várias pontes na região, tal como a ponte de Meirinhos (espero que esta não seja também mutilada com a reconstrução da estrada de Valverde), muito idêntica a esta das Quintas das Quebradas. A ponte da Ribeira presumo que seja medieval, do tempo em que estas terras pertenceram à ordem dos Templários e mais tarde, à ordem de Cristo pois, do pouco que resta, os símbolos gravados nas pedras do arco são característicos dessa época e, talvez, tenha sido reconstruída no séc:XVIII.
Quando criança, tive bons momentos nesta ponte e no moinho do tiu Lucho, que estava do lado esquerdo. Pena é não ter fotos para mostrar o belo quadro que era, a ponte e o moinho.
Em finais da década de 70 foi construída a estrada que liga as Quintas aos Estevais É nesta altura que os responsáveis municipais cometem o grave atentado ao património, substituindo o pavimento e as guardas de granito por uma placa de betão e guardas em tubo galvanizado. O moinho (propriedade privada) foi arrasado e cheio com entulho. As cantarias da ponte, gravadas com os símbolos dos antigos canteiros, foram parar aos alicerces de uma casa, como se de simples pedras se trata-se.
Esta ponte, destruída de um dia para o outro (pois estava em óptimo estado de conservação), foi preservada e cuidada durante séculos por aqueles que a utilizaram e com ela conviveram em perfeita harmonia, gentes estas que souberam guardar a sua memória na herança legada no tempo. Mas eis que de tempos em tempos surgem estes senhores dos cargos públicos, com rei na barriga, sem cultura, sem respeito pelos valores patrimoniais, que são de todos nós, e quando incham, é o bota-se abaixo. A nossa herança cultural está à mercê desta gente, que também faz parte da nossa cultura (onde ninguém é responsável pelo que é público).
A ponte em 2006 quando da derrocada da barragem da Fonte Santa

sexta-feira, 10 de abril de 2009

À Cruz



À CRUZ

O lugar da Cruz, a sul da aldeia, onde se cruzam os caminhos da Quinta de Cima (Casinhas) e da Quinta de Baixo (Eiró) com o caminho da Veiga e o da Ribeira, também conhecido pelo Atoleiro da Costa, devido ás águas nascentes na encosta. Este foi escavado pelos populares em 1907. Esta data estava gravada na rocha, logo no inicio do caminho, mas na minha última passagem pelo local constatei que as máquinas da ignorância andaram a limpar este caminho e a data desapareceu para sempre, tal como os parapeitos da ponte da Ribeira, a quando da construção da estrada dos Estevais, sem que uma voz se manifestasse em defesa do património local.
Contavam os antigos que à Cruz existiu a primeira capela de Sº Miguel. Como o lugar de culto ficava deslocado do povoado, resolveram construir uma capela na aldeia. Mas nem todos estavam de acordo quanto ao local da construção, uns queriam-na na Quinta de Baixo outros na Quinta de Cima, então resolveram colocar o santo em cima de um burro e assim onde o burro parasse seria construída a capela. Por duas vezes que o burro deu a volta à aldeia foi sempre parar ao local onde hoje se encontra a capela, parece que o burro era da Quinta de Cima.
A cruz de SºMiguel, que está à Cruz, foi mandada fazer pelo meu avô Alípio Fabião em 1973, pouco antes da sua morte. O artista da cruz foi o tiu Álvaro Rentes.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Fonte Santa


Na EN de Freixo de Espada à Cinta - Mogadouro, a 4km depois de Lagoaça, toma-se à esquerda por uma estrada em terra para a Quinta da Fonte Santa, nesta pequena povoação de alguns currais e casas, desce-se por caminho íngreme até ao fundo do vale para a Ribeira da Fonte Santa.
Num vale abrupto entre grandes fragas de xisto, corre a Ribeira Santa. As explorações mineiras, desactivadas, encontram-se na margem oposta, as escombreiras da sua exploração formam uma “duna” de 50m de altura de detritos cinzentos, barrando o olhar de quem está no local da imergência da água. Mas acima dessa duna cinzenta rompem aguçadas picos de xisto que descem até ao vale. Facilmente se adivinha o percurso tortuoso da ribeira, actualmente represada por diques formados por esta escombreira. Numa escarpa que se ergue como ilha do que era o leito do rio, por baixo de um sobreiro isolado uma gruta, onde o nosso guia, o arqueólogo Nelson Campos, nos fez ver um conjunto de pinturas rupestres de formas antropomórficas.
Segundo informação de Nelson Campos, a nascente esteve coberta pela escombreira da mina, que funcionou até finais da década de 80, só recentemente foi novamente desentulhada.

Na encosta da Serra do Valmeirinho encontram-se várias minas de sheelite no sítio denominado Quinta das Quebradas, do termo de Mogadouro. Aqui se tem referido às vezes esta nascente, mas na realidade, embora no limite do concelho marcado pela própria ribeira, pertence a Lagoaça, de Freixo de Espada à Cinta” ( Almeida 1970)

Natureza das águas:
Subgrupo das Sulfúreas sódica, hipotermal. Alcalino sódicas (Almeida.1970)
Indicações:
“ em doenças de pele, principalmente nos eczemas crónicos”
Aqui se juntam os doentes , acampando debaixo de quatro oliveiras, lavando-se na concavidade da rocha tantas vezes ao dia e tantos dias até que se vejam de todo curados.” (Almeida, 1970)

A nascente é actualmente pouco utilizada, a descida difícil e as escombreiras das minas afastaram os seus utilizadores. O caudal muito pequeno, formando uma pequena pia, com uma capacidade de cerca de 10litros, mas no rochedo xistoso e inclinado por detrás da imergência, notam-se pequenas imergências, saindo de fracturas da rocha.

"Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa"

quinta-feira, 5 de março de 2009

Eliziario Camelo

Eliziario Camelo
(o Zaralho das Quintas)

Rebelde alegre e irrequieto
Rapaz da pequena aldeia
Filho de gente pobre
No verão em noites
De lua cheia sem ninguém
Dar por isso punha a aldeia
Num reboliço
Bailava cantava para aqueles
Que o queriam ouvir
Um dia para a grande cidade vou partir!
Trabalhar e muito
Dinheiro juntar!?
Quando regressar
Todos os que gostam de mim
Irei ajudar
Por fim o dia da partida chegou
Á sua volta todos juntou
Com as lágrimas nos olhos
Bailou, pulou e bem alto gritou
Jamais vos esquecerei um dia voltarei
A todos ajudarei.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Tiu António Camelo

O TI ANTOINO CAMÉLO O MULEIRO DAS QUINTAS.

De samarra sobre os ombros
Na cabeça um chapéu ou boné caminhando pelos
Caminhos de terra sempre a pé
Filho de gente muito pobre
Mas de coração rico e nobre
Com um olhar terno e bélo
Moleiro por herança era conhecido por o Camélo
Na aldeia que o viu nascer onde muitos anos antes
Seu pai e seu avô nasceram também
Em noites de lua cheia
Á luz do luar o centeio e trigo tinha que cribar
Para ao romper da aurora se pôr a caminho
Com a sua burra carregada em direcção ao seu moinho
Esta era a sua vida
Por vezes cansado de tanto a pé andar
Estafado parava para descansar e pensar
Que melhor vida aos seus filhos poderia dar
De sorriso bonito e aberto
Viveu e sofreu até Deus consigo o levar
Sem nunca o seu sofrimento demonstrar
Sempre de sorriso aberto e bélo
olhar vago e terno era o Camélo
Filho de gente pobre
Mas com o coração rico e nobre
Que nunca gemeu um ai
Camélo meu Pai.

camelodasquintas 15\11\2003

















Eliziario Camelo

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Sº. Miguel Set. 2006




















Pobre de quem na hora que se esfuma
não tem saudades de nimguém nem de coisa nenhuma!
Atão eu nu shou pobre purke tenho muntas shaudades das Quintas e das gentes de lá. Tamém das pitas e dos meltões. Das bestas e das moscas e dus óbus estreládos caminha mãejinha me fajia. De jugar ó fito e ó tiroliro e de shaltar á shtrumeira.
Tamém me lembru munto da fugueira de Natal kus grandes fajiam nu Tumbarinho na noute em ku menino Jejuje binha plo chupão pore nas bótas um rebuchado e uma laranja.
O rebuchado chupábo e a laranja bóltaba a dá-la ó menino Jejuje kandu ía á misha e óspois os hómes rematábam-as, nums chestinhos, cá fora á shaída da misha.

A toda a gente das Quintas, que sejam da Quinta-de-cima ou da Quinta-de-baixo,
do Eiró ou do Carrascal, da Pontinha ou do Pousão, do Tumbarinho ou do Cabecinho, das Eiras ou do Barreiro, para todos abraços meus bem arrochados e de saudades.
Parabéns e um obrigado sincero ao Edegar, pelo artista que é e por todo o trabalho que fêz e fáz na net.

JACamelo, "o Jé da Quinta de chima."